Vivia meia “perdida” entre um turbilhão de emoções “soltas”, sem amparo, sem alento, e com uma certa ansiedade perante a percepção que, nada parecia fazer “sentido”.
Foi sem dúvida no meio daquilo ao que chamo os tantos “porquês?”, “comos?” e “quandos”, que tive a sorte de ser apresentada à prática de Mindfulness.
Aceitei a proposta de participar numa meditação guiada em grupo, onde o professor nos convidava a “tirarmos tempo para parar, estar na nossa própria companhia, notando aquilo que para aqui ia”.
A criança em mim riu-se internamente a esta proposta que parecia um misto de impossível e feitiçaria. Mas lá fui eu.
Claro que não foi um comprimido mágico onde tudo mudou, mas foi o primeiro momento em que percebi que até então, estive a caminhar pela vida em piloto automático, sem realmente a viver, e que havia muito em mim que estava desejoso de ser reconhecido, acolhido, e amparado.
Enquanto ia fazendo o curso de psicologia e posteriormente o mestrado, mergulhei em vários cursos de Mindfulness, aprofundando a prática de meditação e portanto, a prática de me abrir a esta vida.
Mas o que é que isto realmente significa? Abrir a esta vida? O que é o Mindfulness?
Mindfulness ou atenção plena propõe podermos trazer a nossa atenção à nossa experiência no momento presente, sem julgamento. Viver cada instante por si sem ter de embrulhar na antecipação do que vem a seguir.
É reconhecer todos os nossos sentidos de forma atenta. Ao ver, ouvir, cheirar, saborear, tocar… É reconhecer os pensamentos que vão surgindo e passando ao lermos este texto; e o nosso corpo na sua postura enquanto o lê; são as emoções que vão surgindo, as nossas ações e reações e a forma como nos estamos a sentir agora.
Como seria podermos acolher e reconhecer (e até cumprimentar) esses pensamentos e emoções mais difíceis, aprendendo a estar no desconforto ao invés de automaticamente procurar formas de evitá-los?
Partilho uma frase que sempre me inspirou muito: “Não podemos cuidar daquilo que não notamos”.
E o mais incrível, é que tudo parte de nós, e depende só de nós.
No meu caso, posso dizer que mudou a minha vida. Ensinou-me a estar enraizada em mim mesma, usando os meus próprios recursos para viver de forma mais plena tudo o que sinto.
Ninguém é perfeito, e ainda bem.
by Hannah Thantrey
in Mindfulness@Mmagazine
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