Perdoar ou não…Eis a questão…

“Perdoar significa ver a Luz de Deus em todas as pessoas e em nós mesmos,
independentemente do comportamento delas, ou do nosso!”

Gerald G. Jampolsky

Desta vez, deixe-me que lhe apresente duas Mulheres nesta viagem da Alma que é o Perdão:

A Luz e a Sombra em nós

por Sílvia Morais

Ana *, a primeira Mulher desta nossa pequena viagem, consultou-me pelos
níveis de ansiedade generalizada que tinha há cerca de 30 anos…Tinha
medo de tudo, era hipocondríaca, vivia em permanente desassossego de
mente, corpo e espírito; percorrendo o seu histórico de vida desde a infância
fomos dar aos seus jovens e apaixonados 18 anos, e a uma gravidez não
planeada nem desejada, no meio do 1º ano de Faculdade.

Interrompeu a gestação, separou-se daquele namorado, terminou o seu curso,
casou, teve 2 filhos, mas desde aquela época lá atrás que percebeu que
alguma coisa se tinha quebrado dentro dela, que se instalou um buraco negro
que se foi alargando com o passar dos anos, buraco esse que lhe engolia
todos os pequenos momentos de alegria ou felicidade, porque nunca mais se
achou merecedora de ser feliz…Afinal o buraco gigante tinha um nome:
Culpa e Ódio!

Culpa por se ter deixado ir em conversas da treta, por ter engravidado, por ter
interrompido a gestação, por ter pedido esmolas de amor…Ódio porque
deveria ter feito isto e aquilo, porque não fez o que era suposto (?) fazer,
porque o namorado a descartou tipo folheto de supermercado…

Ana passou 30 anos da sua vida a remoer, a ressentir, a reciclar
permanentemente sentimentos que a mutilavam e castravam a ela mesma,
que só a feriam a ela mesma, e que nunca fizeram com que a máquina do
tempo andasse para trás…Finalmente, começámos as duas, em Psicoterapia,
a percorrer a trilha do Perdão até ao momento em que se reencontrou com
aquela miúda insegura e ingénua de 18 anos, conversou com ela, pediu-lhe
perdão
de tanto a ter julgado e abandonado, resgatou-a… e desse momento
em diante até perdoar aquele namorado e tudo o que se passou depois
,
foi a descarga de toneladas de peso que a colocaram doente e a punir-se a ela própria durante 30 anos…

A sentir-se pela primeira vez com tanta ternura por aquela miúda presa lá atrás
no tempo, e a entendê-la já com a sua mente adulta e madura. Os níveis de
ansiedade foram baixando, assim como a necessidade de estar sempre
alerta e vigilante a policiar pensamentos e a ser o carrasco de uma Ana
atormentada, essa necessidade desapareceu!…

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